segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Título.

Saudade é isso...
Essa agonia mórbida,
A falta de um sentimento alheio
É ser ou não correspondido
Mas refutar pelo afago,
Mesmo que de longe dado,
Do calor e amparo do beijo

Amar é escrever poesia
Soberbo de exatidão ao lento,
Contar para os quantos cantos
De montes e montanhas ao léu
O que guarda no peito a dentro

Mas digo o que sei sobre ela
De perto é deveras mesquinha
Dona do desalento desespero
Desampara quem pouca cultiva
É covarde com quem tem medo
Quando inconstante com quem se esquiva

Saudade é sabor da dúvida
O conflito da distância
O sonho e o contentamento
É a dor da motivação
É o motivo do sentimento

É a esperança do abraço
É o sorriso cansado
É vontade de ter, de ser e de amar...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um vanguardista medieval




Se eu pudesse ser um pouco mais completo
Abrir mão desse futuro incerto
A ponto de sorrir sutilmente à vida,
Sem temor e sem receio...
Pois a glória, eu digo
Tiraria do silêncio
Dos atos dos meus covardes
E nunca da eminência de grandes feitos
Pois a graça é a do errado
O mundo é o do pecado
E roda louca do destino
Torna as coisas,
Deveras mais interessantes

Pudestes eu, ter a graça do mundo
Fazendo sorrir os que não podem
Fazendo chorar os que já não “mordem”
Tendo como feito todo ato sublime e um céu azul
Ah, se o ato
Esse que, aqui dito e lamentado
Estivestes em minhas mãos,
Mas não, esse não...

Eu
Tão como os meus semelhantes
Nessa dança sem arranjos
Num concerto desconcertante
Sou tolo
Sou bobo
Isento de tanta pureza
Sou moco
Sou pouco
Para um mundo tão vasto
De tamanha essência
E incessível natureza
E fúria... E fúria...

Alguns dirão que é desconexo
Que a ira é dos Deuses
Que sou inconseqüente e imaturo
Mas trago no papel um nome nobre
Ao qual eu honro
Diferente do veredicto inoportuno
Daqueles que tem a mim,
Uma chance de cravar o punhal
Pondo fim à elegia
Ao coro bonito
Ao recital...
Pois de boas palavras não vive o povo
De boas ideias não alimentam
Nem encorajam
O que séculos dá-se por morto:
A coragem dos indecisos.
Dos filhos do meu caminho
Dos homens aos quais
A poesia há de clamar.

No dia em que a nuvem chora
Um poeta sem cabeça vai embora
Um rei sem fronteira nos esnoba
E ele, o salvador dos inocentes
Desbravador de deliquentes
Fará do legado que deixei
Uma festa interminável
Abundante e estridente
Aos quatro cantos do mundo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Uma peça qualquer para um novo diretor





"Primeiro, gostaria de dizer-lhes que tudo o que aprenderam até agora, é uma tremenda babaquice. É teoria infame. É demagogia. É tese de algum ator fracassado, que se julga pai do espetáculo, em busca de notícia. Em busca de ascensão...
Eu quero falar de arte. Arte simples e nem por isso menos sublime que quaquer outra. É suave nas palavras. Mas não são menos importantes por não necessitarem de uma retórica eloquente, pois não são donas de total informalidade e pobresa poética, muito pelo contrário. Estas palavras não trabalham sozinhas, vem acompanhadas de gestos, vem acompanhada de ações, vem acompanhada, contudo, de emoção.
Uma emoção completamente singular. Somos donos da comoção. Fazemos sorrir, fazemos chorar, “fazemos” pelo simples prazer em fazer sem esperar que as grandes manifestações em terceiros ocorram, por mais que sejam devidamente provocadas. Quebramos o tabu entre o mágico e o voluntário. Fazemos de todo circo e seus espaços, uma homogeneidade inquestionável.
Voltamos aos séculos passados, permitindo esaltar o cheiro de roupa velha, o ar do trânsito de charretes, dos chapéus, das perucas. Damos asas a imaginação, mas não permitimos que essa vague sozinha, apresentamos uma direção. Damos a eles os fatos que precisam, eles só direcionam as ideias. Estamos a dispor.

Somos completos ao mesmo tempo que somos repletos... De música. De gritos. De luz. De uma euforia sadia. Aplausos. Repito, aplausos. É a melodia que nos completa. Acompanhada de lágrimas ou por dentes brilhantes amostra. Quem sabe os dois. Damos uma aula de história, damos lição de moral, damos bons e maus exemplos. Não estamos distantes de nossos apreciadores através de uma tela de vidro... Pois nós, caros amigos, somos o Teatro! Fazemos tudo, digo tudo, em prol da arte, sem demais pretensões. Para que assim não fiquemos expostos ao risco de romper com o prazer incesável de atuar.

De agora em diante, nós não precisaremos de chão de mármore ou de madeira nobre, palco de 3 metros de altura, cortinas deslumbrantes, camarim, cadeiras almofadadas...
Nós só precisamos de vontade, coragem e público. Não somos uma companhia famosa, não somos personalidades famosas, não somos dinheiro, não somos investimento, nem incentivo governamental, somos teatro, tão somente o teatro. A nossa alma é humilde e o que a alimenta é o espetáculo. Se for preciso tomaremos ruas, praças e calçadas, a fim de proclamar o nosso projeto. Cantaremos, dançaremos cativaremos todos com a arte popular. Nossas vestes serão nossos próprios figurinos. E o cenário é o que estiver ao nosso redor. Faremos da luz do poste uma obra prima e da calçada um altar. Não se esqueçam que a nossa imcumbência, é a de dispertar sensações.

...Isso é tudo. Organizam-se, separem os papeis. Ainda hoje, o ensaio começará".

domingo, 14 de junho de 2009

O Cético




O que está acontecendo aqui?
Por que tantos caixões? Onde estão seus corpos?
Por que tantos vasos se nem vejo flores?
Porque tanto espaço, se não há ninguém?
Por que o barulho?

De onde essa luz, se nada ilumina? Pra que essa luz se nada existe para ser iluminado?
Para que tanta água sem peixe? ...Tanto verde sem árvore, tanto nuvem sem céu?
Por que choras, sem dor? Porque sorrir se até dentes lhe faltam?
Para que mentir quando a verdade nunca existiu?

Para que olhos se nada enxergo? Pra que tato se em nada pego?
Para que rancor?

Para que acreditar, se o destino na verdade é incerto?
Para que evitar, se pouco sei sobre o certo?
Para que existir se nunca me deram um motivo?

...Deus?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ao Inóspito




Hoje uma chuva sublime apossa o meu prazer,
A minha afeição...
Lava uma alma ora incandescente, ora não
Mas revigora-me
Da-se ao meu intuito, um muito honesto
Uma idéia nova...
Onde o surto de sinceridade se expande
Em mim e de mim afora!

Hoje esse ser intuitivo, faz-se presente
Onde só bons olhos puritanos habitam
Regados diante da suave penumbra por entre as árvores,
Faz de mim os acordes de uma canção inocente
Diante da dona dos cabelos dourados,
Faz-se dona também do meu contentamento
O céu – não o acima, mas o adiante – frente aos meus olhos
me permite semelhar e contentar o azul dos seus...

Hoje é o meu, o peito ardente
O que plantou de uma vez a semente
De um amor que é meu e é seu!

Se o “encanto” não for mútuo e pelo contrário,
Inconsequente e imaturo,
Dou-me satisfeito apenas pelo que foi dito,
O amor, na caminhada, sem lastimar eu levo comigo...
Mesmo na solidão do pensamento e de tão doído o castigo
Pois só queria que tu estivesses ciente
Que um dia, um coração, um alguém lhe ofereceu
E você simplesmente abriu mão.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Rasuras / 02 de Fevereiro - 15:20h





Cadeira de plástico, almofada de algodão nas costas, uma papel em mãos, apoiado em um livro que por sua vez apóia-se na minha perna. Sim, é uma descrição ridícula, mas é real. Pra falar a verdade, dei início a essa escrita sem saber se teria um fim, escrevi apenas a alimentar o meu hábito.
Conforme o enredo progride, prevê-se que o texto e todo seu conjunto se resumirão em “ridículo”. Eis a sina de quem escreve; o fazer sem nenhum intuito, não falar de nada, não ter propósito aparente, apenas permitir que a esfera na ponta da caneta faça lá suas acrobacias: pingos nos is, dois-pontos, travessão, cedilha, exclamação... Fico feliz em saber que é a mais estúpida, tão porém, a mais sublime das minhas narrativas, pois não só de obra-prima vive um artista. Sabia que teria um início e repito, não esperava por um fim, esse que a partir de agora eis de ser traçado.
Posso posta-lo no meu blog, a internet já não está sendo útil para muita coisa, ao menos que ela arquive as minhas rasuras. Pouco divulgo o que eu faço como disse anteriormente a internet serve apenas para arquivá-los, pois nunca me importei muito com a platéia.
Ah, mas essa é apenas uma das opções, posso embrulhar o papel na mão e encaminha-lo para o lixo. Caindo no esquecimento, enterrando palavras que nunca deveriam ter nascido. Posso jogá-lo em umas das minhas pastas, destas que eu não vou abrir por tão cedo, fazendo desses pensamentos insanos rabiscos em vão.
Enfim, eu paro por aqui. Se eu for acompanhar o ritmo da chuva que cai lá fora, vou me perder em meio às palavras. Vou por mim, mais uma vez parafraseando. Se alguém estiver lendo isso aqui, eu coloquei no tal blog, sabendo que alguém pode ler, ou não... Alguém pode gostar, ou não... E a dúvida de que se isso fez ou não algum sentido, já me é suficiente.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Reflexão


Ah, o equilíbrio...
Sigo a cortejar o que preciso, usufruindo do que me sustenta.
Lutar pelos "dias melhores", ou não. Optar, ter o poder incondicional da escolha.
Às conquistas, as que são possíveis e as que não, afinal, tudo faz parte...
Enquanto isso, eu só mantenho um ritmo, acredito na insanidade que me reside, o ceticismo e a coragem me leva além do limite.

É simples... Procuro o que satisfaça os meus olhos que a imaginação se encarrega do resto.

sábado, 4 de outubro de 2008

Porque não?


Ah... Se eu pudesse ser um pouco mais feliz.
Se eu pudesse gritar, se eu pudesse andar nu.
Se eu pudesse falar o que eu penso, chorar não seria preciso,
Se pudesse abraçar, se eu pudesse sorrir,
Tantos estariam comigo.

Se eu pudesse fazer com que todos acreditassem,
Se eu pudesse fazer que meu coração amasse...
Se eu pudesse poder...

Se eles pudessem transformar toda arma em comida
Tantos os que comeriam sorrindo...
Se eles pudessem parar o mundo por instantes
Para que muitos passassem horas dormindo...

Se eles pudessem desfazer essa impotência que me deixa imundo,
Se eles pudessem crer no que eles insistem em dizer pra todo mundo,
Se eles pudessem quebrar a “proteção” que nos isola de tudo.
Se eles pudessem,
Se um dia eu puder...
“Se”.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Compadeça


É quando um peito aflora,
O jardim está esplêndido
Um céu no nosso rumo está anil...

É quando o tempo namora
O desejo das horas...
O destino nos espera,
Sendo ele, tão gentil

É quando o mundo lá fora
Despedaça, vai embora
E tu estás sempre a sorrir

É quando tudo colabora
O sossego revigora
O amor
Quem permitiu viver assim.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

" 'Tudo' em Fraguimentos".


Eu passo, eu faço, eu canso
Eu paro, continuo...
Eu viro, eu assusto, eu grito!
Eu mudo. Meu mundo. De tudo...
Eu falo, eu calo,
Eu falo e falo.
Só calo. Socá-lo!
Me deparo com o estrago, me preparo
Não falho! Eu paro e mato.
Eu em tudo...

Eu quis, eu fiz.
Me fiz...
Me diz, que eu mudo!
Lutando ou cantando
Chorando e olhando
Desfiz do meu mundo

Atriz, a infeliz, que quis pôr por um triz
o talo de tudo.
Me diz, o que quis,
Não culpe-me pelo que fiz
E eu paro com tudo...

O tudo, de tudo
Um tudo o que sou...
Um pouco mais de mim.
Ou o que restou
Seja à ele
Seja à nós
...Os fraguimentos.

Nota: Raramente haverá outra poesia composta por, anáfora, polissindeto, assonância, aliteração etc, ao mesmo tempo, nesse blog. Essa abundância de figuras de linguagem não me agrada. Postei a poesia para alguns amigos que muito pediram...Só a produzi pelo mesmo motivo. Grato.
Luiz Phelipe Fernandes.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Como é mesmo que se diz? ..."É a vida!"


A vida se resume nisso... A vida se resume naquilo... E torna-se uma anáfora ascendente da existência em resumo. Enquanto viver, pelo contrário, só se expande... Humanos, um dia entendo-vos. Próximo a "resumo" seria o fim, que se tratando de condição de existência, és a morte. Por que criar um sentido paradoxal para uma filosofia de vida?

domingo, 22 de junho de 2008

De onde venho não há padrão.




Com licença... Mas, não... Eu não vivo para isso.
Não foi por esse motivo tolo que me despenquei à esse "mundinho".
Aqui, por esse universo, que é o inverso do que eu pensei...
Por esse povo, que não luta.O submundo que se desfez.

"Mundinho" tão disperso. Imundo, insano, ateu...
Bem distante do que eu quero,
onde o seu é seu e o meu também! Que se dane!

Não vou seguir as linhas que a tua norma pede.
O que tanto prestigiam?
Esse sistema tão mesquinho, eu não pude aprender.
Não ensinaram-me a tolice que atuam...

Me desprendo de suas normas,
como caro Andrade o fez
Não o Mário,
mas o Oswald, entre o "sei", o que não sei

Vou seguindo à caminhar, vou viver, vou aculá.
Tens a a chance de seguir-me ou ficar por onde está.
Afinal, eu não sou o teu Deus.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Prepotência




Não há fato que não se prove...
não duvide que eu sou um nobre
Definitivamente, não quero te fazer sorrir.

Escondo-me na arrogância
eu sustento minha ganância,
Por bem, ou não
o "ego" me faz feliz.

Cachê não é problema
crio meus próprios dilemas,
acostume-se, dizem "Deus quem fez assim..."

Inteligência, infelizmente é para poucos
meu mundo, não é dos loucos,
mas ser comum
Não é para mim.

O desprezo à tendências,
o descaso à ciência
os padrões à seguir,
de fato são apenas meus.

O mundo se contradiz,
o que pode ou não fazer-se?
entre as balburdias à minha empáfia
só prevalece o meu dizer.

Dito as regras,
e dou o tom...
Eu imponho, tenho o dom.
A educação vêm do berço,
de Luiz Phelipe Fernandes.

domingo, 27 de abril de 2008

A Peça "Existir"




A vida é o teatro vivido,
O teatro a imita e é recíproco...
No teatro pode haver erros, mas não tem
Na vida já não pode, mas pouco nos convém
"É humano errar..."

A vida pode não fazer sentido
O teatro pode ser confuso e indeciso,
mas os dois tem lá suas razões...
Na vida as exatas, no teatro as "ilógicas"
e as peças seguem bem...

A harmonia deve ser implícita nas atuações
Os diretores cobram
e os espelhos mostram,
As subordinadas ações.

As ordens vêm de todos os lados
No teatro em segunda
Na vida em terceira
Pessoa, a falar, cobrar e agir

Não procure um significado lógico,
ser feliz não está no óbvio
e sim no que não pode existir...

Faça da sua melancolia, sonho próprio
Deixe fluir o mais profundo sentimento utópico,
A plateia vai aplaudir...

Fale e gesticule com sutileza,
Viver e atuar é a mesma coisa, mas não é moleza
As cenas passam, lembre-se que um dia isso vai ter um fim

Na vida, amar é um pouco confuso
No teatro é comum e é difuso
com o que é, ou não, real...
Juntando os trapos e retalhos,
quando se comparam os textos hilários
é "um tudo", igual

A vida demora muito?
Eis os que são impedidos de nascer!
Um ator que não entre em cena,
um coadjuvante que mal vai aparecer...
Ambos são eternos,
independente de ser curto, ou não ser...

..Ser vivo.
Ser...Viva!
Com suas particularidades,
Uma com a outra;
Uma sem a outra;
As duas sem ninguém.
O teatro é infalível
O teatro é incorruptível
mas a vida também!

Na vida procura-se um caminho
No teatro não precisa procurar..
Atue com serenidade, no que tiver que atuar...
Diferentes ou iguais,
Vida e teatro,
Tem cortinas a fechar...
Pois tudo um dia chega ao fim.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

"Vou tirar as correntes..."


Acredita estar em exílio no suposto Marte, ou seria Júpiter?...As portas estão trancadas, a nave não levanta voo...As influências externas não influenciam mais.
Para eles meu planeta é hostil, mas me habituei a dias inteiros nele (faz parte de mim)...Do lado de fora é muito efusivo, não há respeito nem compreensão...
Mentem ao dizer que existe direitos iguais. Nem a discriminação é igual! Evito sentir fome, visitar a Terra não será legal, a viagem é rápida mas muito conturbada. Os lados entram em contradição. "Choques" desnecessários...
Eles insistem, mas minha vida é inacessível...Junto com a comida o brilho reluzente do metal...A agonia do "mal do século" (romancista) na outra mão. As palavras surtem efeito, mas não sou facilmente influenciada, será assim por que eu quero...
...Me vejo em um paradoxo...O golpe é rápido, a dor é devagar, o vermelho sobressai o branco do tapete no chão. Estou livre...